terça-feira, 5 de maio de 2015

Calma, jovem !

O uso de tranquilizantes!




A ansiedade é um estado desagradável de tensão, apreensão e inquietação – um medo de origens às vezes desconhecida. E nós estudantes universitários passamos por muitos desses momentos em nossa jornada acadêmica. É comum o cansaço, principalmente em final de semestre e, por conta desse processo, muitos jovens fazerem uso de sedativos para poderem descansar tanto fisicamente quanto mentalmente. 


Definição:

Sedativo é nome que se dá aos medicamentos capazes de diminuir a atividade de nosso cérebro, principalmente quando ele está num estado de excitação acima do normal. O termo sedativo é sinônimo de calmante ou sedante. Quando o mesmo é capaz de diminuir a dor ele recebe o nome de analgésico. Já quando é capaz de afastar a insônia, produzindo sono, é chamado de hipnótico ou sonífero. E quando um calmante tem o poder de atuar mais sobre estados exagerados de ansiedade, ele é denominado de ansiolítico. Finalmente, existem algumas destas drogas que são capazes de acalmar o cérebro hiperexcitável dos epilépticos. São as drogas antiepilépticas, capazes de prevenir as convulsões destes doentes.



Essas drogas são capazes de deprimir várias áreas do nosso cérebro; como conseqüência as pessoas podem ficar mais sonolentas, sentindo-se menos tensas, com uma sensação de calma e de relaxamento. As capacidades de raciocínio e de concentração ficam também afetadas. Com doses um pouco maiores do que as recomendadas pelos médicos, a pessoa começa a sentir-se como que embriagada (sensação mais ou menos semelhante à de tomar bebidas alcoólicas em excesso): a fala fica “pastosa”, a pessoa pode sentir-se com dificuldade de andar direito. Esses efeitos deixam claro que quem usa esse tipo de medicamento tem a atenção e sua faculdades psicomotoras prejudicadas, assim sendo, fica perigoso operar máquina, dirigir, etc. Eles são quase que exclusivamente de ação central (cerebral), isto é, não agem nos nossos demais órgãos. Assim, a respiração, o coração e a pressão do sangue são afetados quando o sedativo, em dose excessiva, age nas áreas do cérebro que comandam as funções dos órgãos já citados.

Cuidado!

Os tranquilizantes são drogas perigosas porque a dose que começa a intoxicar as pessoas está próxima da que produz os efeitos terapêuticos desejáveis. Com estas doses tóxicas começam a surgir sinais de incoordenação motora, um estado de inconsciência começa a tornar conta da pessoa, ela passa a ter dificuldade para se movimentar, o sono fica muito pesado e por fim aparece um estado de coma. A pessoa não responde a nada, a pressão do sangue fica muito baixa e a respiração é tão lenta que pode parar. A morte ocorre exatamente por parada respiratória. É muito importante saber que estes efeitos tóxicos ficam muito mais intensos se a pessoa ingere álcool ou outras drogas sedativas. Às vezes intoxicação séria pode ocorrer por este motivo. Outro aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso por mulheres grávidas. Estas drogas têm potencial teratogênico, além de provocarem sinais de abstinência (tais como dificuldades respiratórias, irritabilidade, distúrbios de sono e dificuldade de alimentação) em recém-nascidos de mães que fizeram uso durante a gravidez.

Existem muitas evidências de que essas drogas levam as pessoas a um estado de dependência; com o tempo a dose tem também que ser aumentada, ou seja, há o desenvolvimento de tolerância. Estes fenômenos se desenvolvem com maior rapidez quando doses iniciais grandes são usadas desde o início. Quando a pessoa está dependente dos calmantes e deixa de tomá-los, passa a ter a síndrome de abstinência. Esta vai desde insônia rebelde, irritação, agressividade, delírios, ansiedade, angústia, até convulsões generalizadas. A síndrome de abstinência requer obrigatoriamente tratamento médico e hospitalização, pois há perigo da pessoa vir a falecer.



No Brasil

O uso de tranquilizantes tem aumentado significativamente no Brasil, caracterizando o uso irracional de um medicamento que pode ser prejudicial aos seus usuários. O fato de pesquisas atuais confirmarem o quadro de uso excessivo de sedativos traz a preocupação em definir estratégias para melhorar o nível de informações das pessoas quanto aos possíveis riscos de dependências, além das reações adversas que podem surgir com seu uso indiscriminado.
Outro ponto muito sensível está relacionado à prescrição desses medicamentos, sujeitos a controle especial, visto que os pacientes precisam de uma receita para comprá-los. Segundo a especialista, é importante analisar a real necessidade do uso desses medicamentos, fato que só pode ser avaliado pelos médicos especialistas no assunto, ou seja, psiquiatras.


O uso desses medicamentos realmente pode ser o tratamento ideal, mas é preciso ter cuidado. Sem a prescrição médica adequada, os tranquilizantes podem oferecer risco à saúde e até piorar a situação do indivíduo.

Quando bem indicados, esses medicamentos atuam de modo muito útil, suavizando os sintomas de ansiedade e possibilitando ao paciente encarar situações com mais realismo e a reagir de modo mais maduro e eficaz. Mal indicados, podem ser inúteis e até prejudiciais. Quem deve tomar tranquilizantes, quanto, quando, qual, como e para quê, são respostas que só devem ser dadas pelo médico que atende o paciente”, afirma o psiquiatra do Hospital Albert Einstein, Dr. Mauro Moore Madureira.

Falsos médicos de plantão

Quando o indivíduo se sente mal, psicológica ou emocionalmente, e procura um especialista, sua chance de melhorar é mais efetiva e mais rápida. Quando sai pedindo conselhos para as pessoas que conhece, pode ouvir respostas muitos distantes de sua necessidade. Só mesmo o médico, que estudou muito e que praticou seu ofício durante anos, deve ser quem decide. Cada caso deve ser tratado de forma individual, pois a diferença entre o saudável e o patológico nem sempre é clara. Fatos estressantes provocam nas pessoas reações bastante diferentes.


Pesquisa


A Proteste realizou uma pesquisa sobre tranquilizantes como ansiolíticos, antidepressivos e hipnóticos, com pessoas de cinco países, para analisar o uso destes medicamentos. E o resultado revelou que a epidemia dos Rivotris, Valiums, Prozacs e afins no Brasil é mais grave do que nos demais pesquisados: Bélgica, Itália, Espanha e Portugal. Os brasileiros demonstraram um uso crônico significativamente mais alto, principalmente de antidepressivos. Dos entrevistados do país, 45% contaram já ter feito uso desses medicamentos e também declararam ter consumido mais de todas as categorias de remédios no último ano (2012). E 35% dos brasileiros pesquisados apresentam sinais de dependência de ansiolíticos e hipnóticos. 
O uso destes medicamentos está associado a indivíduos com estilo de vida pouco saudável, que sofrem de insônia, são fumantes, sedentários, estressados e portadores de transtornos de ansiedade ou depressão. 
Dos cinco países participantes da pesquisa, o Brasil foi o que registrou os índices mais elevados de usuários que começaram a usar tranquilizantes tanto antes de completar 26 anos (35%) como antes dos 18 anos (10%).

A Proteste apresentou os resultados da pesquisa à Associação Médica Brasileira (AMB), ao Conselho Federal de Medicina (CFM), à Associação Paulista de Medicina (APM) e ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) para que, por meio de ações conjuntas junto aos profissionais e ao público em geral, haja um alerta a respeito desses medicamentos e dos malefícios que podem causar à saúde.

É, depois de tudo o que foi falado aqui, acho que é bom ter um pouco mais de cuidado com esses medicamentos, pois acabamos de saber quais os malefícios que eles podem trazer para as nossas vidas.
E você já usou algum calmante/tranquilizante? Conte sua experiência aqui nos comentários... 
Então é isso! Até semana que vem, com a próxima postagem e o próximo assunto a ser discutido... 




Referências:

  • MAXPRESS (Brasil). Aumenta o uso de sedativos no Brasil. 2014. Disponível em: <http://www.maxpressnet.com.br/Conteudo/1,657166,Aumenta_o_uso_de_sedativos_no_Brasil,657166,7.htm>. Acesso em: 01 maio 2015.
  • CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICOTRÓPICAS (Brasil). Calmantes. Disponível em: <http://www.cebrid.epm.br/folhetos/calmantes_.htm>. Acesso em: 01 maio 2015.
  • MATTE, Tatiane Sinara. ABORDAGEM SOBRE O USO IRRACIONAL DE BENZODIAZEPÍNICOS NO BRASIL. Disponível em: <https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/salaoconhecimento/article/viewFile/3441/2842>. Acesso em: 01 maio 2015.
  • CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICOTRÓPICAS. Calmantes e sedativos. Disponível em: <http://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/quest_drogas/calmantes.htm>. Acesso em: 01 maio 2015.
  • HOSPITAL ALBERT EINSTEIN. Alerta: uso indiscrimado de calmantes traz grandes riscos à saúde. 2011. Disponível em: <http://www.einstein.br/einstein-saude/em-dia-com-a-saude/Paginas/alerta-uso-indiscrimado-de-calmantes-traz-grandes-riscos-a-saude.aspx>. Acesso em: 03 maio 2015.
  • VERDADE GOSPEL. Brasileiros usam mais calmantes do que europeus, diz pesquisa. 2013. Disponível em: <http://www.verdadegospel.com/brasileiros-usam-mais-calmantes-do-que-europeus-diz-pesquisa/>. Acesso em: 03 maio 2015.

7 comentários:

  1. Grupo C
    Entrando um pouquinho na vibe da Farmacologia, resolvi pesquisar sobre alguns fármacos da categoria descrita aí no post que são muito usados em tratamento psicológico/ psiquiátrico e seus principios ativos. O primeiro que achei foram os hipnóticos, que segundo o Instituto de Doenças Biomédicas da Universidade de São Paulo possuem a principal função de induzir e manter o sono, o que corrobora o post de vocês. Dentre os hipnóticos destacam-se os benzodiazepínicos e barbitúricos. Estes dois fármacos são também ansiolíticos.
    Não parem de postar!!
    Esperando ansiosamente
    Vlw Flw

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Grupo L:
    Muito boa a postagem! é bom ter cuidado mesmo com certos medicamentos porque, algumas vezes, o efeito adverso pode ser maior que o esperado. Bom, como falado pelo grupo C, os benzodiazepínicos são alguns dos principais hipnóticos e atuam contra a ansiedade. Para complementar a postagem e o comentário do outro grupo, vou falar um pouco sobre os benzodiazepínicos e outros inibidores do SNC. Benzodiazepínicos são hipno-sedativos que aumentam a ligação de ácido gama-amino-butírico (GABA), potente depressor do SNC, a receptores específicos (GABAA), situados principalmente em sistema límbico e formações reticulares neocortical e mesencefálica, produzindo efeitos ansiolíticos, sedativos, hipnóticos, miorrelaxantes, anticonvulsivantes e efeitos amnésicos. Os benzodiazepínicos podem produzir todos os níveis de depressão do sistema nervoso central, de sedação moderada a hipnose e coma. A glicina também é um neurotransmissor inibidor. O ácido glutâmico e o ácido aspártico, por sua vez, são os neurotransmissores excitadores mais importantes no sistema nervoso central. Os receptores do glutamato mais bem conhecidos são os receptores NMDA e AMPA. Os dois receptores são canais iônicos permeáveis ao sódio e diferem porque o NMDA, normalmente, estão bloqueados pelo magnésio.
    Espero ter contribuído!
    Até a próxima :)

    Fontes: http://medicina.med.up.pt/farmacologia/pdf/GABA_glicina_purinas_glutamato.pdf
    http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10646162014&pIdAnexo=2331660

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  4. Como sempre, mais um excelente post! O uso de ansiolíticos está sempre aumentando no Brasil e devemos disseminar essas informações contidas na postagem e nos comentários para evitar esses temíveis efeitos adversos e colaterais. O uso inadequado é mais comum entre as mulheres, porém ele também existe entre os homens. Há ainda usuários de drogas estimulantes como cocaína e anfetaminas, já comentada por vocês, que fazem uso desses ansiolíticos para tentarem diminuir a excitação e euforia provocadas por esses estimulantes ou mesmo para tentarem dormir após muitas horas de uso dessas drogas estimulantes que tiram o sono. Como dito por vocês e pelos comentários, a ação dos ansiolíticos é produzir uma depressão da atividade do nosso cérebro que se caracteriza pela diminuição de ansiedade, indução de sono, relaxamento muscular e redução do estado de alerta. Mas é importante notar que estes efeitos dos ansiolíticos benzodiazepínicos são grandemente alimentados pelo álcool; a mistura álcool mais estas drogas pode levar uma pessoa ao estado de coma. Além desses efeitos principais os ansiolíticos dificultam os processos de aprendizagem e memória, o que é, evidentemente, bastante prejudicial para as pessoas que habitualmente utilizam-se destas drogas. Mas calma, jovens! Há os ansiolíticos naturais :D fora que alguns alimentos ricos em triptofano também acalmam! Ele é uma substância que ajuda a produzir serotonina, um hormônio responsável por aumentar a sensação de bem-estar. Assim, alguns alimentos que ajudam a acalmar são cereja, aveia, milho, arroz, queijo, nozes, banana, morango, batata-doce e castanha-do-pará.
    Cuidado com o uso inadequado desses medicamentos! Prefiram os alimentos e os chás naturais como de camomila ou erva-cidreira (;

    Até a próxima :D

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  5. GRUPO E:
    Mais uma vez, excelente postagem. Pegando gancho no comentário do grupo G, vamos falar um pouco mais sobre interações entre o etanol e medicamentos ansiolíticos. O álcool, por si só, já possui efeitos sistêmicos depressores não seletivos a partir de certas concentrações (Primeiro, tem efeito excitatório por inibir receptores inibitórios que são mais sensíveis, depois inibe receptores excitatórios). Em sua presença, o metabolismo desses medicamentos é reduzido, exacerbando seus efeitos. Além disso, a própria interação álcool-ansiolítico, hipnótico ou sedativo potencializa efeitos depressores do SNC, bem maior do que apenas a soma de efeitos, levando ao risco de morte. Como futuros médicos, é de fundamental importância tomar cuidado com as prescrições desses medicamentos, assim como da explicação do uso desses, buscando sempre a conscientização dos seus pacientes sobre as medicações prescritas. Fica a dica!

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  6. GRUPO M
    Postagem interessantíssima! O post tem um caráter esclarecedor, pois muitas pessoas não sabem que o uso de ansiolíticos exige recomendação médica e possui efeitos adversos.
    Como já foi dito, os ansiolíticos podem ser prejudiciais à saúde, visto que a dose que produz efeitos terapêuticos está próxima à dose prejudicial. Um aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso por mulheres grávidas, especialmente durante o primeiro trimestre, já que essas drogas tem potencial teratogênico. Dentre os prejuízos causados ao feto por uso de benzodiazepínicos estão: anomalias do sistema urinário, fenda palatina, abstinência, depressão prolongada do SNC, irregularidades no trabalho cardíaco do feto, depressão da atividade psicomotora, hipotonia, sucção difícil e hipotermia no neonato.
    REFERÊNCIAS
    http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/femina-v37n6-331.pdf

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  7. Grupo D:

    Nesse mundo em que nós universitários estamos inseridos as cobranças, sejam de familiares, professores, da sociedade ou até mesmo nossa, acabam por nos deixar em um estado de eterno strees que influencia no estado de saúde de todos nós.
    Esse post trouxe varias informações de classes de medicamentos que podemos utilizar para combater esse problemas, mas devemos sempre deixar o uso de drogas como um dos últimos recursos terapêuticos.
    É comprovado que mudanças no estilo de vida, como dieta e pratica de atividade física podem ser de muita ajuda no tratamento de ansiedade, por isso vamos sempre tentar fazer alterações dessa natureza antes de começar a tomar remédio, e sempre procurar um médico para obter melhores informações. Fica a dica!!!!

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