terça-feira, 28 de abril de 2015

Te dá asas?!

Até onde os energéticos são inofensivos?



Companheiros dos estudantes em noites de estudo, e em noites de folga, as bebidas energéticas já fazem parte do perfil de consumo do povo brasileiro. Inicialmente idealizadas para o público noturno, hoje em dia os energéticos são utilizados pelas mais variadas faixas etárias com diversas motivações. Com função principal de fornecer energia imediata, não é de se admirar que a bebida tenha conquistado as mesas de estudo de universitários e estudantes em geral.
De acordo com a ANVISA, atribui-se o uso da expressão “bebida energética” ou “energy drink” ao produto que contém em sua composição inositol e/ou glucoronolactona e/ou taurina e/ou cafeína, podendo ser adicionado de vitaminas e minerais e, inclusive, de outros ingredientes, desde que esses não descaracterizem o produto. 

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A taurina, ou o ácido 2-aminoetanosulfónico, é um aminoácido derivado dos aminoácidos sulfurados (metionina e cisteína), que se encontra conjugada com ácidos biliares de sódio e potássio, formando o ácido taurocólico. É também o principal aminoácido intracelular livre da maior parte dos tecidos dos mamíferos. Em seres humanos, é biossintetizada e ingerida como parte da dieta normal. Estudos demonstraram que as maiores concentrações intracelulares de taurina são encontradas no coração, leucócitos, músculo esquelético, retina e sistema nervoso central, sendo o fígado o local de maior variação nas concentrações de taurina, onde estas são dependentes da dieta ingerida. Além das bebidas energéticas, a taurina também pode ser encontrada em frutos do mar (mariscos, ostras), aves (carne escura de frango ou peru) e carne bovina. Existem evidências de que a taurina participa de várias funções fisiológicas importantes. No sistema nervoso está associada à osmorregulação, antioxidação, detoxificação e estímulo da glicólise e glicogênese. No fígado, a taurina conjuga-se com ampla variedade de produtos tóxicos, como metabólitos de medicamentos e xenobióticos, permitindo que estas toxinas sejam rapidamente excretadas pelo organismo. A taurina pode ainda se complexar com metais pesados e reduzir os níveis destes metais pelo mecanismo de desintoxicação pela redução rápida com a formação de produtos estáveis. 

 

A glucoronolactona é um tipo de carboidrato biossintetizado a partir da glicose, podendo ser encontrado também no vinho tinto, cereais, maçãs e peras. É essencial para a desintoxicação e metabolismo de ampla variedade de xenobióticos e medicamentos, via conjugação no fígado, que são excretados na urina. Outra função desintoxicadora atribuída à glucoronolactona é a sua complexação com a bilirrubina e, posterior, eliminação pela urina. A glucuronolactona é rapidamente absorvida e metabolizada quando administrada oralmente. 
O inositol, também conhecido como myo-inositol, é um isômero da glicose encontrado na forma livre, na forma de fosfolipídeo e em formas fosforiladas, conhecido como ácido fítico. Suas fontes são frutas cítricas (exceto o limão), feijão, pasta de amendoim, lecitina de soja, levedo de cerveja, gérmen de trigo, etc.


Sim, mas e aí? Posso continuar virando minhas noites a base de energético?


Pois é, como em tudo, exageros são péssimos para sua saúde. Como os efeitos são passageiros, os energéticos apenas mascaram a fadiga, podem provocar insônia e aumentar a frequência cardíaca. Além disso possuem níveis elevadíssimos de cafeína, trazendo todos aqueles efeitos que já discutimos. A bebida também é capaz de acelerar a perda de cálcio e magnésio pelo organismo, resultando em câimbras e, em longo prazo, osteoporose. Quando adicionamos bebidas alcoólicas à equação é que complicamos ainda mais o quadro. Como tanto cafeína e álcool são diuréticos podemos chegar a um quadro de desidratação facilmente. Além disso os efeitos do energético mascaram os sintomas da embriaguez, levando a comportamentos de risco. O fígado torna-se também sobrecarregado, pois age na metabolização do álcool e das substâncias do energético, porém, quando chega no limite da sua capacidade de metabolização, provoca o acúmulo dessas substâncias no sangue, ocasionando uma overdose.
Segundo o I Levantamento Nacional  sobre o uso de álcool, tabaco e outras drogas entre Universitários das 27 capitais brasileiras, os energéticos foram os mais frequentes consumidos associados com bebidas alcoólicas, ficando na frente do tabaco, maconha e outras drogas. Considerando nos últimos 30 dias, 71,8% universitários consumiram essa combinação de 1 a 5 vezes, contra 56,9% do que com tabaco e 63,6% do que com a maconha. Pela pesquisa, observou-se também que o uso é maior entre os homens e os mais novos, até 24 anos, sendo que, considerando toda a vida, 88,8% dos entrevistados com até 18 anos já fizeram essa combinação.

Atenção: não consuma mais do que duas latinhas de energético em um único dia e evite misturar com bebidas alcoólicas! Sua saúde agradece!


Referências:


  • AGNOL, Tatyana Dall'; SOUZA, Paulo Fernando Araújo de. Efeitos fisiológicos agudos da taurina contida em uma bebida energética em indivíduos fisicamente ativos. Rev Bras Med Esporte,  Niterói ,  v. 15, n. 2, p. 123-126, Apr.  2009 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922009000200008&lng=en&nrm=iso>. acesso  28  Apr.  2015
  • Dossiê Bebidas Energéticas - Food Ingredients Brasil, nº 23 - 2012. Disponível em <http://www.revista-fi.com/materias/287.pdf>. acesso  28  Apr.  2015
  • Bebidas Energéticas - Brasil Escola. Disponível em <http://brasilesco.la/b678> . acesso  28  Apr.  2015
  • BRASIL. SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS. . I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras. Brasília: Equipe Planin, 2010. 284 p. Em Parceria com o Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid) em parceria com o Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas – GREA/IPQ-HC/FMUSP. Disponível em: <http://www.uems.br/eventos/enfrentamento/arquivos/20_2011-07-13_12-57-31.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2015. 


segunda-feira, 20 de abril de 2015

Universitários X Drogas

Universitários e o consumo de drogas



Mais uma postagem, período de provas e, pra variar, muitas aulas... Vida de acadêmico não é fácil, todo mundo sabe. Mas vamos que vamos!
Bem, essa semana não iremos falar sobre nenhum produto ou substância e suas ações bioquímicas. e sim sobre um tema muito presente em nossa realidade e em nosso cotidiano. O uso de drogas por universitários.
Sabemos que a prevalência mundial do consumo de substâncias psicoativas está aumentando. O abuso e a dependência de drogas ameaça os valores políticos, econômicos e sociais. Além de contribuir para o crescimento dos gastos com tratamento médico e internação hospitalar, eleva os índices de acidente de trânsito, de violência urbana e de mortes prematuras. 
O ingresso na universidade, ainda que traga sentimentos positivos e de alcance de uma meta programada por estudantes do ensino médico, por vezes, pode se tornar um período crítico, de maior vulnerabilidade para o início e a manutenção do uso de álcool e outras drogas ( Peulker et al., 2006).

48,7 dos estudantes já experimentou drogas ilícitas, o dobro da taxa de população brasileira

As possibilidades de recorte sobre esse assunto são muitas e incluem: a compreensão antropológica sobre a antiga relação do homem com substâncias com potencial hedônico; aspectos sociais que tentam situar o uso de drogas na contemporaneidade; análise epidemiológica que aponta o crescimento do uso de várias substâncias psicoativas, além da experimentação em idades mais precoces; aspectos jurídicos que alimentam o intenso debate sobre legislações mais proibicionistas ou mais liberalizantes; vertente psicológica, que discute o tema a partir de aspectos emocionais e de personalidade; e de recorte clínico, que aponta repercussões na saúde física e mental para usuários que desenvolvem com as substâncias psicoativas uma relação problemática. Isto para citar apenas alguns possíveis recortes.


Dados nacionais recentes registram que 19% dos universitários fazem uso frequente de bebidas alcoólicas, 44% informam ter bebido em binge (porre) no último mês, 48,7% já experimentaram drogas ilícitas, o dobro da taxa da população brasileira, e 26% informaram o uso de mais de uma droga no último ano.










Como agem ?

Essas diversas substâncias agem alterando as comunicações entre os neurônios, podendo produzir diversos efeitos de acordo com o tipo de neurotransmissor envolvido e a forma como a droga atua. Por exemplo, uma droga do tipo benzodiazepínico (calmante) atua facilitando a "comunicação" do GABA, neurotransmissor responsável pelo controle da ansiedade. Dessa forma, de acordo com o tipo de ação, as drogas podem provocar euforia, ansiedade, sonolência, alucinações, delírios etc.

Basicamente, as drogas psicoativas são de três tipos:

Drogas que diminuem a atividade mental, também chamadas de depressoras. Afetam o cérebro, fazendo que funcione de forma mais lenta. Essas drogas diminuem a atenção, a concentração, a tensão emocional e a capacidade intelectual. Exemplos: ansiolíticos (tranquilizantes), álcool, inalantes (cola) e narcóticos(morfina e heroína) 

Drogas que aumentam a atividade mental, também chamadas de estimulantes. Afetam o cérebro, fazendo com que funcione de forma mais acelerada. Exemplos: cafeína, tabaco, anfetamina, cocaína, crack; e

Drogas que alteram a percepção, também chamadas de substâncias alucinógenas. Elas provocam distúrbios no funcionamento do cérebro, fazendo com ele passe a trabalhar de forma desordenada, numa espécie de delírio. Exemplos: LSD, ecstasy, maconha e outras substâncias derivadas de plantas. 

Concluindo


Existem hoje muitas discussões relacionadas ao campo do uso de drogas, que frequentemente pecam por não fazer distinção entre medida de abordagem preventiva, destinadas àqueles que não consomem essas substâncias ou que fazem de forma não problemática, e estratégias dirigidas a indivíduos que apresentam em um uso de risco ou que já tenham danos instalados, destinatários de abordagens terapêuticas propriamente ditas. Talvez este seja um dos principais desafios, a explicitação da política institucional no tema e estratégias de ampliação de participação da comunidade universitária na construção de formas mais criativas e eficazes de enfrentamento da questão.
Cabe assim sugerir potenciais espaços de atuação na Universidade, que deve ter como foco a criação de um ambiente propício ao debate sobre o tema, norteando-se por dados científicos que auxiliem na escolha de estratégias de abordagem; que seja capaz de promover iniciativas preventivas que desequilibrem a balança entre fatores de risco e proteção, tornando a Universidade um espaço protetivo no que tange à ampliação da rede social, do sentimento de pertencimento, da qualidade de vida, dos horizontes culturais, das alternativas de prazer e lazer e da divulgação de informação sobre riscos associados ao uso dessas substâncias, permitindo uma reflexão sobre suas escolhas.
Acrescido a isso, é importante haver iniciativas contínuas e periodicamente reavaliadas que abarquem estratégias preventivas e abordagens ágeis e acolhedoras por meio dos equipamentos de auxílio dentro e fora da Universidade quando da instalação de problemas relacionados ao uso de drogas.
Este conjunto de dados pode embasar uma agenda que tenha por meio uma discussão ampla e democrática com diversos setores da Universidade e como fim a consolidação de uma política institucional sobre as questões associadas ao uso de drogas entre universitários

É isso galera, uma boa semana pra todo mundo e uma boa leitura !!
P.S: estamos abertos a sugestões, é só deixar um assunto que gostaria de ler aqui !!!


Referências:


  • AZEVEDO, Renata Cruz Soares de. O uso de drogas por universitários. 2013. Disponível em: <https://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/artigos/uso-de-drogas-por-universitarios>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • KERR-CORRêA, Florence. Uso de álcool e drogas por estudantes de medicina da Unesp. 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbp/v21n2/v21n2a05.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • WAGNER, Gabriela Arantes. Uso de álcool, tabaco e outras drogas entre estudantes universitários brasileiros. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832008000700011>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • SILVA, Leonardo V e Rueda. Fatores associados ao consumo de álcool e drogas entre estudantes universitários. 2006. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v40n2/28533.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • FREITAS, Rivelilson Mendes de. Investigação do uso de drogas lícitas e ilícitas entre os universitários de instituições do ensino superior (públicas e privadas), no município de Picos, Piauí. 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762012000200005>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • CARLINI, Elisaldo Araujo. Drogas psicotrópicas - O são e como agem. 2001. Disponível em: <http://www.imesc.sp.gov.br/pdf/artigo 1 - DROGAS PSICOTRÓPICAS O QUE SÃO E COMO AGEM.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • Como agem as Drogas No Corpo - Informativo. 2009. Blog Cartão Vermelho para as drogas. Autor Desconhecido. Disponível em: <http://cartaovermelhoparaasdrogas.blogspot.com.br/2009/11/como-agem-as-drogas-no corpo.html>. Acesso em: 20 abr. 2015.



segunda-feira, 13 de abril de 2015

Se liga: Anfetaminas


O uso de anfetamina como maneira de ficar mais tempo na ativa 



E aí, galera? A postagem dessa semana será sobre outra droga utilizada pelos estudantes com intuito de ficar “ligadão”! As anfetaminas, que são drogas sintéticas (produzidas em laboratório) estimulantes do Sistema Nervoso Central.

O Brasil é o maior consumidor mundial de anfetaminas, dado que preocupa as autoridades de saúde pública. Para cada mil habitantes, são consumidos nove comprimidos de anfetamina por dia, uma droga que produz tolerância e traz prejuízos indiscutíveis à saúde.Por exemplo, entre estudantes brasileiros do 1º e 2º graus das 10 maiores capitais do país, 4,4% revelaram já ter experimentado pelo menos uma vez na vida uma droga tipo anfetamina. O uso frequente (6 ou mais vezes no mês) foi relatado por 0,7% dos estudantes. Este uso foi mais comum entre as meninas.

A substância foi amplamente utilizada na segunda Guerra Mundial para manter os soldados acordados e mais ativos no esforço de guerra. Ficou evidente também que as anfetaminas se mostraram eficazes para deixá-los mais atentos e confiantes, diminuíam a sensação de fome e fadiga. Passado algum tempo, porém, as autoridades médicas da Inglaterra verificaram que, sob o efeito dessas drogas, o desempenho dos pilotos da RAF (Royal Air Force) ficava seriamente comprometido e proibiram seu uso.

Hoje, é chamada de rebite pelos motoristas que precisam dirigir durante várias horas seguidas sem descanso, a fim de cumprir prazos pré-determinados. Também é conhecida como bolinha por estudantes que passam noites inteiras estudando, ou por pessoas que costumam fazer regimes de emagrecimento sem o acompanhamento médico. 
Existem vários tipos de anfetaminas, como a 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA), conhecida como "Ecstasy", a matanfetamina e o metilfenidato, composto presente na Ritalina®, medicamento utilizado para tratar de déficits de atenção e hiperatividade em adultos e crianças e por muitos estudantes que buscam e aumentar o rendimento.


Qual o seu mecanismo de ação e os seus efeitos no corpo? 



As anfetaminas são agonistas indiretos das sinapses adrenérgicas, dopaminérgicas e serotoninérgicas, por inibição competitiva do transporte de neuromediadores implicados na sua ativação. Isso ocorre por apresentarem certa similaridade estrutural dessa droga com a dopamina e a norepinefrina. Assim, atuam como falso neurotransmissor nos receptores alfa e beta-adrenérgicos, o que produz um efeito similar nos axônios pós-sinápticos, mas que não passa pela ativação dos canais de cálcio, ou seja, sem que haja despolarização da membrana axonal. Nas sinapses serotoninérgicas, quando em grandes quantidades, podem inibir a recaptura da serotonina. Com isso, aumenta a quantidade dessas substâncias e suas funções ficam exacerbadas no organismo.

A pessoa que faz uso dessa droga fica eufórica, inquieta e com uma fala acelerada; apresenta uma maior criatividade, percepção de maior energia, sensação de bem estar, maior concentração, um aumento do estado de alerta, sensação de poder e superioridade, excitabilidade; executa uma atividade qualquer por mais tempo, sentindo menos cansaço, fazendo com que seu organismo reaja acima de suas capacidades, exercendo esforços excessivos.


Mas cuidado...


O excesso de anfetamina torna a pessoa mais agressiva, com irritabilidade, prejuízo de julgamento, ansiedade, nervosismo, depressão, ataques de pânico, paranoia e até alucinações (psicose anfetamínica). Além disso, pode causar midríase (dilatação das pupilas), pele pálida devido à contração dos vasos sanguíneos, suor e calafrios, insônia, convulsões pelo aumento da temperatura do corpo, taquicardia e aumento da pressão arterial, o que pode gerar infarto agudo do miocárdio ou arritmias cardíacas. No cérebro podem ocorrer acidentes vasculares (derrames) e isquemias (prejuízo na circulação sanguínea em pequenas áreas), acarretando como conseqüência, neste último caso, diminuição da atenção, concentração e memória.

Com o uso contínuo, a droga passa a fazer menos efeitos e o usuário necessita de maiores doses. Assim, quando o efeito da droga passa, o usuário sente uma grande falta de energia e depressão, não conseguindo realizar nem as tarefas que fazia anteriormente ao uso.



Referências:


  • Anfetaminas e análogos. Intoxicação por drogas de abuso. Autoria Desconhecida. Disponível em: <http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/mVIII.anfe.htm>. Acesso em: 12 abr. 2015.
  • DEPARTAMENTO DE PSICOBIOLOGIA (São Paulo). Unifesp. Anfetaminas. Disponível em: <http://www2.unifesp.br/dpsicobio/drogas/anfeta.htm>. Acesso em: 12 abr. 2015.
  • CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICOTRÓPICAS (São Paulo). Unifesp. Anfetaminas - bolinhas e rebites. Disponível em: <http://www.cebrid.epm.br/folhetos/anfetaminas_.htm>. Acesso em: 13 abr. 2015.
  • CORDAS, Táki; ROCCO, PatrÍcia. Anfetaminas. Entrevista por Dráuzio Varella. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/anfetaminas/>. Acesso em: 13 abr. 2015.
  • NASCIMENTO, Bruno. Anfetaminas. 2008. Blog Neurotransmissores. Disponível em: <http://neuromed88.blogspot.com.br/2008/10/anfetaminas.html>. Acesso em: 13 abr. 2015.



segunda-feira, 6 de abril de 2015

Café na veia

Como a bebida mais consumida do Brasil afeta nossa saúde




O café faz parte da cultura brasileira e ocidental como um todo. Seu consumo diário já é algo naturalizado em nossa sociedade, que busca sempre o máximo desempenho em toda e qualquer atividade. Entre os universitários não seria diferente. Acompanhando dias e noites de estudo, o café está sempre presente, e em doses absurdas mesmo para aqueles que estão acostumados à pesada rotina ao qual os universitários são submetidos. Conhecido por sua ação estimulante, discutiremos aqui seus efeitos no organismo como um todo.

Todos já ouvimos de como o café pode "tirar" o sono e ajudar numa noite prolongada de estudos. Mas como ele realmente funciona?



O princípio ativo do café é a 1,3,7-trimetilxantina, um pó branco e amargo, mais conhecido como cafeína. Ela age sobre o receptores de adenosina, um neurotransmissor responsável pela diminuição da atividade cerebral que nos leva a pegar no sono. Com esses receptores bloqueados, a atividade neural aumenta, levando a estimulação da glândula adrenal (que libera a adrenalina) pela hipófise. Outro modo de ação da cafeína é no bloqueio da enzima fosfodiesterase, fazendo com que o estado de alerta gerado pela adrenalina dure por mais tempo. A cafeína aumenta ainda os níveis sanguíneos de dopamina, um outro neurotransmissor que está relacionado ao prazer.

Aprofundando!

Controle Homeostático do Sono - Adenosina

Adenosina é um produto do metabolismo energético celular neuronal, acumulando-se na fenda sináptica durante a vigília e atuando localmente de forma inibitória. As células do prosencéfalo basal são a região onde ocorre o maior acumulo local de adenosina durante a vigília e a privação do sono. Portanto, o prosencéfalo basal é considerado como o homeostato do sono. A ação inibitória local da adenosina ocorre em auto-receptores específicos adenosina-1 das células colinérgicas do prosencéfalo basal. A redução da atividade dessas células desinibe as células gabaérgicas do núcleo pré-óptico ventro-lateral (VLPO) ao mesmo tempo que deixam de estimular o sistema hipocretinas, dando início ao sono NREM ao final do período de atividade ou vigília. 
A redução da atividade colinérgica do prosencéfalo basal por acúmulo de adenosina desinibe o VLPO que em conjunto com a ação dos neurônios supraquiasmáticos, dá início ao sono NREM. É o gatilho duplo para o início do sono. Os efeitos antagonistas nos receptores adenosina-1 proporcionados pela cafeína, aminofilina e teofilina são os responsáveis pelos efeitos estimulantes ou inibitórios sobre o sono. 

Além disso, ela altera a função de vários sistemas de neurotransmissores que contribuem para a regulação de processos cognitivos, estado emocional, padrão de sono, despertar e medo, esses efeitos são similares aos do estímulo de um estresse intenso ou de mudanças de humor ou desordem emocional.

Resumindo, a cafeína, a curto prazo, impede que o estudante durma porque bloqueia a adenosina, dá mais "energia" devido à liberação de adrenalina e o faz se sentir melhor, pois manipula a produção de dopamina. Acredita-se, inclusive, que é o efeito da dopamina que contribui para a dependência da cafeína.



Cuidado!


A longo prazo, a ingestão de cafeína pode levar ao vício, além de causar efeitos desagradáveis como insônia, agitação e irritabilidade. A cafeína atinge a corrente sanguínea passados 30 a 45 minutos do seu consumo.e sua meia-vida no organismo é de seis horas. Portanto, o estudante que consumiu uma xícara de café (que contém aproximadamente 200mg de cafeína) às 15 horas, terá cerca de 100mg no sangue às 21 horas. O acadêmico poderá até dormir, mas provavelmente não vai usufruir dos benefícios do sono profundo. No dia seguinte, se sentirá cansado e precisará de mais cafeína para se sentir melhor. 

O indivíduo, que com o uso abusivo do café, fica mais "esperto", acordado, com uma sensação de bem-estar; quando fica sem a cafeína com a qual já se habituou, começa a apresentar efeitos no coração (taquicardia e extrassístoles), pressão sanguínea (aumento), metabolismo, apetite e sono (insônia); bem como efeitos no sistema nervoso central (agitação, tremores), além de dores de cabeça e irritação gastrointestinal, devido a óleos essenciais do café, caracterizando o cafeinismo.


Conclusão!

Muitos são os benefícios e os malefícios dessa substância. A médio e a longo prazo, no entanto, os malefícios são maiores, uma vez que há influências orgânicas e psicossociais. Portanto, consuma sem exagero para evitar problemas. 
Recomenda-se que a ingestão não ultrapasse os 200 a 300 mg por dia, o que equivalerá a não mais que uma xícara de café por dia.


Referências