segunda-feira, 20 de abril de 2015

Universitários X Drogas

Universitários e o consumo de drogas



Mais uma postagem, período de provas e, pra variar, muitas aulas... Vida de acadêmico não é fácil, todo mundo sabe. Mas vamos que vamos!
Bem, essa semana não iremos falar sobre nenhum produto ou substância e suas ações bioquímicas. e sim sobre um tema muito presente em nossa realidade e em nosso cotidiano. O uso de drogas por universitários.
Sabemos que a prevalência mundial do consumo de substâncias psicoativas está aumentando. O abuso e a dependência de drogas ameaça os valores políticos, econômicos e sociais. Além de contribuir para o crescimento dos gastos com tratamento médico e internação hospitalar, eleva os índices de acidente de trânsito, de violência urbana e de mortes prematuras. 
O ingresso na universidade, ainda que traga sentimentos positivos e de alcance de uma meta programada por estudantes do ensino médico, por vezes, pode se tornar um período crítico, de maior vulnerabilidade para o início e a manutenção do uso de álcool e outras drogas ( Peulker et al., 2006).

48,7 dos estudantes já experimentou drogas ilícitas, o dobro da taxa de população brasileira

As possibilidades de recorte sobre esse assunto são muitas e incluem: a compreensão antropológica sobre a antiga relação do homem com substâncias com potencial hedônico; aspectos sociais que tentam situar o uso de drogas na contemporaneidade; análise epidemiológica que aponta o crescimento do uso de várias substâncias psicoativas, além da experimentação em idades mais precoces; aspectos jurídicos que alimentam o intenso debate sobre legislações mais proibicionistas ou mais liberalizantes; vertente psicológica, que discute o tema a partir de aspectos emocionais e de personalidade; e de recorte clínico, que aponta repercussões na saúde física e mental para usuários que desenvolvem com as substâncias psicoativas uma relação problemática. Isto para citar apenas alguns possíveis recortes.


Dados nacionais recentes registram que 19% dos universitários fazem uso frequente de bebidas alcoólicas, 44% informam ter bebido em binge (porre) no último mês, 48,7% já experimentaram drogas ilícitas, o dobro da taxa da população brasileira, e 26% informaram o uso de mais de uma droga no último ano.










Como agem ?

Essas diversas substâncias agem alterando as comunicações entre os neurônios, podendo produzir diversos efeitos de acordo com o tipo de neurotransmissor envolvido e a forma como a droga atua. Por exemplo, uma droga do tipo benzodiazepínico (calmante) atua facilitando a "comunicação" do GABA, neurotransmissor responsável pelo controle da ansiedade. Dessa forma, de acordo com o tipo de ação, as drogas podem provocar euforia, ansiedade, sonolência, alucinações, delírios etc.

Basicamente, as drogas psicoativas são de três tipos:

Drogas que diminuem a atividade mental, também chamadas de depressoras. Afetam o cérebro, fazendo que funcione de forma mais lenta. Essas drogas diminuem a atenção, a concentração, a tensão emocional e a capacidade intelectual. Exemplos: ansiolíticos (tranquilizantes), álcool, inalantes (cola) e narcóticos(morfina e heroína) 

Drogas que aumentam a atividade mental, também chamadas de estimulantes. Afetam o cérebro, fazendo com que funcione de forma mais acelerada. Exemplos: cafeína, tabaco, anfetamina, cocaína, crack; e

Drogas que alteram a percepção, também chamadas de substâncias alucinógenas. Elas provocam distúrbios no funcionamento do cérebro, fazendo com ele passe a trabalhar de forma desordenada, numa espécie de delírio. Exemplos: LSD, ecstasy, maconha e outras substâncias derivadas de plantas. 

Concluindo


Existem hoje muitas discussões relacionadas ao campo do uso de drogas, que frequentemente pecam por não fazer distinção entre medida de abordagem preventiva, destinadas àqueles que não consomem essas substâncias ou que fazem de forma não problemática, e estratégias dirigidas a indivíduos que apresentam em um uso de risco ou que já tenham danos instalados, destinatários de abordagens terapêuticas propriamente ditas. Talvez este seja um dos principais desafios, a explicitação da política institucional no tema e estratégias de ampliação de participação da comunidade universitária na construção de formas mais criativas e eficazes de enfrentamento da questão.
Cabe assim sugerir potenciais espaços de atuação na Universidade, que deve ter como foco a criação de um ambiente propício ao debate sobre o tema, norteando-se por dados científicos que auxiliem na escolha de estratégias de abordagem; que seja capaz de promover iniciativas preventivas que desequilibrem a balança entre fatores de risco e proteção, tornando a Universidade um espaço protetivo no que tange à ampliação da rede social, do sentimento de pertencimento, da qualidade de vida, dos horizontes culturais, das alternativas de prazer e lazer e da divulgação de informação sobre riscos associados ao uso dessas substâncias, permitindo uma reflexão sobre suas escolhas.
Acrescido a isso, é importante haver iniciativas contínuas e periodicamente reavaliadas que abarquem estratégias preventivas e abordagens ágeis e acolhedoras por meio dos equipamentos de auxílio dentro e fora da Universidade quando da instalação de problemas relacionados ao uso de drogas.
Este conjunto de dados pode embasar uma agenda que tenha por meio uma discussão ampla e democrática com diversos setores da Universidade e como fim a consolidação de uma política institucional sobre as questões associadas ao uso de drogas entre universitários

É isso galera, uma boa semana pra todo mundo e uma boa leitura !!
P.S: estamos abertos a sugestões, é só deixar um assunto que gostaria de ler aqui !!!


Referências:


  • AZEVEDO, Renata Cruz Soares de. O uso de drogas por universitários. 2013. Disponível em: <https://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/artigos/uso-de-drogas-por-universitarios>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • KERR-CORRêA, Florence. Uso de álcool e drogas por estudantes de medicina da Unesp. 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbp/v21n2/v21n2a05.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • WAGNER, Gabriela Arantes. Uso de álcool, tabaco e outras drogas entre estudantes universitários brasileiros. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832008000700011>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • SILVA, Leonardo V e Rueda. Fatores associados ao consumo de álcool e drogas entre estudantes universitários. 2006. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v40n2/28533.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • FREITAS, Rivelilson Mendes de. Investigação do uso de drogas lícitas e ilícitas entre os universitários de instituições do ensino superior (públicas e privadas), no município de Picos, Piauí. 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762012000200005>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • CARLINI, Elisaldo Araujo. Drogas psicotrópicas - O são e como agem. 2001. Disponível em: <http://www.imesc.sp.gov.br/pdf/artigo 1 - DROGAS PSICOTRÓPICAS O QUE SÃO E COMO AGEM.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2015.
  • Como agem as Drogas No Corpo - Informativo. 2009. Blog Cartão Vermelho para as drogas. Autor Desconhecido. Disponível em: <http://cartaovermelhoparaasdrogas.blogspot.com.br/2009/11/como-agem-as-drogas-no corpo.html>. Acesso em: 20 abr. 2015.



11 comentários:

  1. Boa tarde, pessoal. Eu sou da 81ª turma do campus de Teresina e fui o monitor selecionado pra ajudar o grupo de vocês com layout do blog, conteúdo etc. Vocês podem entrar em contato comigo pelo email rodrigosbvieira@outlook.com. Será um prazer trabalhar com vocês. Até mais.

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    1. Já entramos em contato com você .. Acabei de lhe enviar um email.. Abraço

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  2. Muito interessante essa abordagem não só bioquímica mas social do contexto universitário. Vale ressaltar outro fenômeno apontado por diferentes pesquisas nacionais e internacionais no tema, que é a modificação da distribuição por gênero, com uma significativa redução da proporção homem/mulher. O que este dado indica? Por um lado uma mudança no papel social das mulheres, que tem apresentado com maior frequência comportamentos historicamente tidos com mais “masculinos” tais com o uso de drogas. Embora tal dado indique uma “igualdade” entre homens e mulheres, também traz em si riscos particulares, considerando que de forma geral as mulheres apresentam maior vulnerabilidade de danos físicos e psíquicos relacionados ao uso de substâncias psicoativas, que se potencializam quando o uso é feito durante a gestação e amamentação.

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  3. GRUPO E

    O assunto por si só abre várias nuances polêmicas. Mas, para todo debate, é fundamental conhecer um pouco dos registros históricos sobre o uso de drogas ou de substâncias psicoativas. Há milênios o homem conhece plantas como drogas vegetais. O historiador grego Heródoto anotou, em 450 a.C., que a Cannabis sativa, planta da maconha, era queimada em saunas para dar barato em freqüentadores. “O banho de vapor dava um gozo tão intenso que arrancava gritos de alegria.” Dessa forma, percebe-se que o uso de substâncias psicoativas não é, exclusivamente, um fato da atualidade, mas remonta há muitos anos atrás. Porém, é relativamente novo os estudos acerca desse uso e das suas consequências na vida individual e coletiva das pessoas.

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  4. Grupo D
    Olá pessoal, caracaaa!!! estou impressionado com esses indicies, fico preocupado, pois já ouvi e vi vários relatos de jovens que perdem a vida tão sedo por cauda da bendita droga. Achei uma cartilha que fala sobre o crack, e nela tinha quais são os sinais para reconhecimento do uso de crack?
    abandono de interesses sociais não ligados ao consumo e compra de drogas; • mudança de companhias e de amigos não ligados ao consumo desta; • visível mudança física, perda de pelos, pele ressecada, envelhecimento precoce; • comportamento deprimido, cansaço, e descuido na aparência, irritação e agressividade com terceiros, por palavras e atitudes; • difi culdades ou abandono escolar, perda de interesse pelo trabalho ou hábitos anteriores ao uso do crack; • mudança de hábitos alimentares, falta de apetite, emagrecimento e insônia severa; atitudes suspeitas, como telefonar para pessoas desconhecidas dos familiares com freqüência e “sumir de casa” sem aviso constantemente; • extorsão de dinheiro da família com ferocidade; • mentiras frequentes, ou, recusa em explicar mudança de hábitos ou comportamentos inadequados.
    Então, devemos ficar atentos para identificar uma pessoa usuária e desse modo poder ajudá-la a se livra do vício.
    http://uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/arquivos/cartilhacrack.PDF acessado em 22/04/2015.

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  5. Ótima abordagem do tema, galera! E eu consegui dados mais surpreendentes ainda, ou talvez já esperados por nós que também somos universitários: estudos sugerem que a prevalência do álcool na vida ou nos últimos meses entre universitários brasileiros situa-se entre 80-90%, enquanto a do tabaco e de drogas ilícitas situa-se em torno de 25-50% e 30-50%, respectivamente. Em relação às anfetaminas e ao ecstasy, as mulheres utilizam com bem mais frequência que os homens. E sobre o motivo, um estudo relata que os principais motivos declarados para o uso foram diversão ou prazer (10,2%), curiosidade (3,2%) e alívio de tensão psicológica (1,1%). Estatísticas chocantes ainda assim, e isso está fazendo com que as próprias universidades procurem estratégias de prevenção e tratamento de usuários, pois o fato de as universidades serem abertas ao público facilita a disseminação e o consumo de drogas. Como o grupo D citou os sinais para reconhecer o usuário de crack, faço aqui meu alerta para reconhecer o universitário-usuário de drogas em geral: tem tendência de ficar inquieto durante a aula, provocar colegas, desafiar professores e ter baixo desempenho escolar por dormir muito em sala ou faltar às aulas. Mas é bom lembrar que com as drogas, o usuário tem comprometida a autocrítica e, aí, não se importa se está fazendo sexo sem camisinha, pegando carona com motorista alcoolizado ou dirigindo sem capacete... Portanto, idas ao Black só de vez em quando e com moderação, ein gente? :D

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  6. GRUPO M
    Mesmo estando há pouco tempo na universidade pude perceber o quanto os universitários fazem uso de drogas, mas não tinha noção do percentual e confesso que me surpreendeu bastante!
    O CISA (Centro de informações sobre Saúde e Álcool) traz uma reportagem sobre um estudo que aponta a religião como fator protetor para o uso de drogas entre os universitários brasileiros. O resultado foi obtido através de um questionário de 100 perguntas, realizado com 12.595 jovens, onde 85% relataram possuir associação religiosa, dos quais 8% e 2% dos não praticantes relataram já ter feito uso de álcool e de outras drogas, respectivamente, quando faltavam às aulas, enquanto que essas taxas entre os que praticavam religião foram de 2% e 0,2%, respectivamente. O estudo demonstra, ainda, que os universitários praticantes participam mais de atividades normativas e que os não praticantes tem comportamentos menos normativos, que em determinadas circunstâncias podem trazer riscos. De acordo com os autores a religiosidade, possivelmente, tem influência nos valores e comportamentos dos indivíduos, protegendo-os de comportamentos prejudiciais à saúde - como o uso de drogas- e melhorando a qualidade de vida.
    Os pesquisadores sugerem que a inserção de aspectos espirituais em programas de prevenção e no tratamento de problemas relacionados ao consumo de álcool e drogas pode ser útil para reduzir a prevalência do uso entre os universitários. Será que a eficácia do tratamento de usuários de drogas por instituições religiosas é explicada por isso?

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  7. Grupo I
    Fala, pessoal!!!!
    Li em um artigo da Faculdade de Medicina da USP que o uso de drogas ilícitas é maior entre os homens e maior ainda entre os estudantes que vivem sem a família. Quando o assunto é o uso de álcool e tabaco não há diferenças significativas entre gêneros. Vi também que o uso de drogas é geralmente maior entre os estudantes que gozam de maior tempo livre e se dedicam a atividades socioculturais. Os dados coletados nessa pesquisa também indicam, conforme dito em um dos comentários anteriores, que a religião está agindo de forma protetora ao uso de drogas na população de alunos estudados. Presume-se que os alunos praticantes de alguma religião pertencem a um grupo com valores e normas estabelecidos e compartilhados. Pertencer a uma religião onde há uma condenação mais explícita e clara do uso de drogas, como o protestantismo, está associado a um menor uso de substâncias como, por exemplo, o álcool.

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  8. GRUPO A:

    Fala galera! A postagem é muito esclarecedora e interessante por esse tema estar tão presente na realidade de muitas universidades brasileiras. Assim, torna-se pertinente discutir o que há de particular neste contexto, uma vez que a entrada na Universidade representa uma diferenciação nas oportunidades não apenas profissionais, mas também (e talvez principalmente) vivenciais e relacionais. É importante apontar alguns elementos que permeiam esta etapa da vida: a transição da adolescência para a idade adulta, com decorrente modificação dos papéis vivenciados até então; adaptação à vida acadêmica, incluindo novas formas de aprendizado e avaliação; distanciamento da família, por muitos vivenciado com intenso sofrimento; necessidade de ingresso em nova rede social, com códigos próprios, nem sempre claros, além de se constituir na faixa etária de eclosão de vários transtornos mentais, com destaque para quadros ansiosos, depressivos e psicóticos.
    Para nosso grupo e como,também foi bem abordado no post, a Universidade deve promover iniciativas preventivas, tornando-se um espaço protetivo no que tange à ampliação da rede social, dos horizontes culturais, das alternativas de prazer e lazer e da divulgação de informação sobre riscos associados ao uso de drogas lícitas e ilícitas, permitindo reflexão sobre escolhas.
    Aguardamos ansiosamente mais publicações! ;)

    Referências: https://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/artigos/uso-de-drogas-por-universitarios

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  9. Grupo C
    Ler essa postagem me fez lembra de um evento que tem bastante repercussão na mídia nacional: a Marcha da Maconha. Logos resolvi aprofundar-me mais nesse aspecto da postagem de vocês ao fazer meu comentário. Esses jovens que apoiam a legalização da maconha talvez desconheçam os efeitos do nocivos que o uso nocivo pode trazer. Deve-se saber inicialmente, que as funções executivas possemi grande papel na manutenção da dependência e na dificuldade de interromper o uso da droga. agora vocês devem estar se perguntando: o que são essas funções executivas? Segundo Almeida (2008) elas são " funções que permitem ao homem desempenhar, de forma independente e autônoma, atividades dirigidas a um objetivo específico, estritamente relacionado ao comportamento humano". Resumindo, tais funções são basicamente como a capacidade de reconhecer e extrair informações de sistemas cerebrais e agir de acordo com essas informações a fim de produzir respostas. a longo prazo, as funções executivas vão sendo gradativamente prejudicadas pela ação da THC (tetra-hidrocarbinol).
    Aguardando novas postagens!!

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    1. Referência:ALMEIDA, Priscila Previato et al . Revisão: funcionamento executivo e uso de maconha. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 30, n. 1, p. 69-76, Mar. 2008 . Available from . access on 10 May 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462008000100013.

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