segunda-feira, 6 de abril de 2015

Café na veia

Como a bebida mais consumida do Brasil afeta nossa saúde




O café faz parte da cultura brasileira e ocidental como um todo. Seu consumo diário já é algo naturalizado em nossa sociedade, que busca sempre o máximo desempenho em toda e qualquer atividade. Entre os universitários não seria diferente. Acompanhando dias e noites de estudo, o café está sempre presente, e em doses absurdas mesmo para aqueles que estão acostumados à pesada rotina ao qual os universitários são submetidos. Conhecido por sua ação estimulante, discutiremos aqui seus efeitos no organismo como um todo.

Todos já ouvimos de como o café pode "tirar" o sono e ajudar numa noite prolongada de estudos. Mas como ele realmente funciona?



O princípio ativo do café é a 1,3,7-trimetilxantina, um pó branco e amargo, mais conhecido como cafeína. Ela age sobre o receptores de adenosina, um neurotransmissor responsável pela diminuição da atividade cerebral que nos leva a pegar no sono. Com esses receptores bloqueados, a atividade neural aumenta, levando a estimulação da glândula adrenal (que libera a adrenalina) pela hipófise. Outro modo de ação da cafeína é no bloqueio da enzima fosfodiesterase, fazendo com que o estado de alerta gerado pela adrenalina dure por mais tempo. A cafeína aumenta ainda os níveis sanguíneos de dopamina, um outro neurotransmissor que está relacionado ao prazer.

Aprofundando!

Controle Homeostático do Sono - Adenosina

Adenosina é um produto do metabolismo energético celular neuronal, acumulando-se na fenda sináptica durante a vigília e atuando localmente de forma inibitória. As células do prosencéfalo basal são a região onde ocorre o maior acumulo local de adenosina durante a vigília e a privação do sono. Portanto, o prosencéfalo basal é considerado como o homeostato do sono. A ação inibitória local da adenosina ocorre em auto-receptores específicos adenosina-1 das células colinérgicas do prosencéfalo basal. A redução da atividade dessas células desinibe as células gabaérgicas do núcleo pré-óptico ventro-lateral (VLPO) ao mesmo tempo que deixam de estimular o sistema hipocretinas, dando início ao sono NREM ao final do período de atividade ou vigília. 
A redução da atividade colinérgica do prosencéfalo basal por acúmulo de adenosina desinibe o VLPO que em conjunto com a ação dos neurônios supraquiasmáticos, dá início ao sono NREM. É o gatilho duplo para o início do sono. Os efeitos antagonistas nos receptores adenosina-1 proporcionados pela cafeína, aminofilina e teofilina são os responsáveis pelos efeitos estimulantes ou inibitórios sobre o sono. 

Além disso, ela altera a função de vários sistemas de neurotransmissores que contribuem para a regulação de processos cognitivos, estado emocional, padrão de sono, despertar e medo, esses efeitos são similares aos do estímulo de um estresse intenso ou de mudanças de humor ou desordem emocional.

Resumindo, a cafeína, a curto prazo, impede que o estudante durma porque bloqueia a adenosina, dá mais "energia" devido à liberação de adrenalina e o faz se sentir melhor, pois manipula a produção de dopamina. Acredita-se, inclusive, que é o efeito da dopamina que contribui para a dependência da cafeína.



Cuidado!


A longo prazo, a ingestão de cafeína pode levar ao vício, além de causar efeitos desagradáveis como insônia, agitação e irritabilidade. A cafeína atinge a corrente sanguínea passados 30 a 45 minutos do seu consumo.e sua meia-vida no organismo é de seis horas. Portanto, o estudante que consumiu uma xícara de café (que contém aproximadamente 200mg de cafeína) às 15 horas, terá cerca de 100mg no sangue às 21 horas. O acadêmico poderá até dormir, mas provavelmente não vai usufruir dos benefícios do sono profundo. No dia seguinte, se sentirá cansado e precisará de mais cafeína para se sentir melhor. 

O indivíduo, que com o uso abusivo do café, fica mais "esperto", acordado, com uma sensação de bem-estar; quando fica sem a cafeína com a qual já se habituou, começa a apresentar efeitos no coração (taquicardia e extrassístoles), pressão sanguínea (aumento), metabolismo, apetite e sono (insônia); bem como efeitos no sistema nervoso central (agitação, tremores), além de dores de cabeça e irritação gastrointestinal, devido a óleos essenciais do café, caracterizando o cafeinismo.


Conclusão!

Muitos são os benefícios e os malefícios dessa substância. A médio e a longo prazo, no entanto, os malefícios são maiores, uma vez que há influências orgânicas e psicossociais. Portanto, consuma sem exagero para evitar problemas. 
Recomenda-se que a ingestão não ultrapasse os 200 a 300 mg por dia, o que equivalerá a não mais que uma xícara de café por dia.


Referências


9 comentários:

  1. GRUPO L
    Muito interessante abordar a temática do consumo abusivo de café por estudantes universitários. O principal componente psicoativo do café é, sem dúvida, a cafeína (1,3,7-trimetilxantina). Como foi bem abordado ao longo da postagem do blog, o principal mecanismo de ação da cafeína deve-se à sua similaridade estrutural com a molécula de adenosina, um potente neuromodulador endógeno, que inibe a libertação de diversos neurotransmissores: glutamato, ácido gama-aminobutírico, acetilcolina e monoaminas. Assim, a cafeína pode ligar-se a receptores da adenosina (A1 e A2A), bloqueando-os. Deste modo, a ação maioritariamente inibitória da adenosina fica impedida, sendo o efeito da cafeína, consequentemente, estimulante. Esse efeito de estimulação se manifesta sob efeitos comportamentais que são notáveis após a ingestão de doses baixas a moderadas (50-300 mg) deste composto, verificando-se uma melhoria na performance cognitiva e psicomotora do consumidor (melhoria do estado de alerta, da energia, da capacidade de concentração, do desempenho em tarefas simples, da vigilância auditiva, do tempo de retenção visual e diminuição da sonolência e do cansaço). Como consequência disso, o sono que é um componente essencial para a sobrevivência e que tem inúmeras funções, como liberação hormonal e o processamento de vários tipos de memória fica prejudicado e perde tais benefícios. Assim, o consumo de doses elevadas de cafeína podem induzir efeitos negativos tais como taquicardia, palpitações, insônias, ansiedade, tremores, dores de cabeça e náuseas. Além desses problemas para a saúde física, há outros problemas como consolidação de memória (pois é no sono que novas informações são processadas pelo sistema nervoso), diminuição do rendimento escolar, problemas comportamentais, irritabilidade, tensão e ansiedade.
    FONTE: ALVES, Rita C.; CASAL, Susana; OLIVEIRA, Beatriz. Benefícios do café na saúde: mito ou realidade?. Quím. Nova, São Paulo , v. 32, n. 8, 2009 . Available from . access on 09 Apr. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422009000800031.


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  2. GRUPO C

    Olá galera, tudo certo? Bem, depois de tantas críticas ao bom e velho cafezinho, está na hora de defender a bebida mais consumida no Brasil. Mas antes vou tomar um café para me ajudar a escrever hehehe. Bem, chega de brincar. Vamos falar sério agora. Primeiro lugar: dependência e vício. Café causa dependência química? Segundo a OMS, dependência é um estado em que ocorrem pelo menos três das seguintes manifestações:
    forte desejo ou compulsão para usar a substância; dificuldade em controlar o seu consumo; abstinência fisiológica; tolerância; abandono progressivo de interesses alternativos; persistência no uso, apesar das consequências prejudiciais. No máximo a falta de cafeína causa sintomas de dificultar o controle do seu consumo. Os sintoma como dor de cabeça e fraqueza que alguns relatam como abstinência são na verdade reflexos do estilo de vida dessas pessoas.
    Segundo lugar: benefícios do café na saúde. Aqui há uma lista imensa, como efeito positivo na depressão/risco de suicídio (devido a interação social e inibição da metabolização da serotonina e noradrenalina); efeito positivo nas cefaleias (devido a suas propriedades vasoconstritoras); efeito preventivo na Diabetes tipo II (aumenta a sensibilidade à insulina e inibe a formação de compostos N-nitrosos no trato intestinal, que seriam tóxicos paras as células beta pancreáticas). E agora senhores, o tiro de misericórdia: café previne Parkinson e Alzheimer (devido sua ação sobre receptores A2A e diminuição da produção de proteína beta-Amilóide).
    Todos os estudos consideraram consumo médio de 3 xícaras diárias. Tem o lado negativo também, como a perda de cálcio nos ossos e a diminuição de absorção de ferro. Mas sem riscos não há glória hehehe.
    Agora que concluí o comentário, deixa eu ir tomar outra xícara de café... Ops, será que já estou viciado?! See U!


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    1. referências

      ALVES, Rita C.; CASAL, Susana; OLIVEIRA, Beatriz. "Benefícios do café na saúde: mito ou realidade?." Rev. Quím. Nova. vol. 32, no. 8. 2009.
      GRAHAM, Terry. "Caffeine and Exercise: Metabolism, Endurance and Performance." Sport Med 2001; 31 (11): 785-807.

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  3. Achei massa vocês falarem sobre o tão adorado café dos universitários! E, puxando para o lado "cuidado", é bom saber dosar esse café, pois, embora alguns trabalhos defendam que a ingestão crônica de cafeína apresenta ação neuroprotetora (o que o Grupo C comentou sobre o café previnir Parkinson e Alzheimer), outros, como uma dissertação para mestrado datada de 2005 - "Efeito da ingestão crônica de cafeína na atividade de enzimas antioxidantes, peroxidação de lipídeos e na produção de radicais livres em diferentes regiões do Sistema Nervoso Central de ratos adultos" - também defendem que a cafeína pode potencialmente causar dano oxidativo aos lipídeos de membrana de diferentes estruturas do SNC, como o cerebelo, hipocampo e estriado, através da diminuição das enzimas oxidantes, provavelmente devido à diminuição da expressão e/ou número dos receptores de adenosina ou a cafeína e/ou seus metabólitos estarem agindo somente como antagonistas competitivos, bloqueando a ação da adenosina endógena. Então, pode haver o benefício da prevenção dessas doenças, mas mesmo assim o consumo crônico pode ter riscos ao nosso sistema nervoso central. Lembrando que novos experimentos são necessários para comprovar essas hipótese. É bom avaliar direitinho esse consumo excessivo, ein? Hahaha
    Só fazendo outro adendo: o café parece ser benéfico para os homens, mas para as mulheres pode ser prejudicial D:
    Take a look:
    http://pt.maxihow.com/doencas-e-condicoes/a-cafeina-parece-ser-util-no-homem-mas-nao-do-sexo-feminino-com-a-doenca-de.php

    Aguardando os próximos post sobre "o nosso" doping ;D

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  4. GRUPO A:
    A postagem é muito esclarecedora e ‘’ caiu como uma luva’’ para nós que temos essa bebida fortemente presente em nossas vidas acadêmicas. Contudo o café é vilão ou mocinho, afinal? Cientistas diferem quanto a essa conclusão, uma vez que o café apresenta benefícios a curto prazo e malefícios a longo prazo, como já explicitado na postagem.
    Sabemos que a cafeína é uma substância muito usada para aumentar o desempenho. O estimulante de sabor amargo acelera o sistema nervoso central, o que faz a pessoa se sentir acordada, alerta e com mais energia. Além disso, uma pesquisa de cientistas da Universidade Johns Hopkins (Baltimore – EUA) concluiu que duas xícaras de café podem fazer muito bem para a memória. O estudo testou a memória de 160 voluntários durante 24 horas. O grupo incluiu pessoas que não bebiam café regularmente. Durante o experimento, os cientistas observaram que quem tomou comprimidos de cafeína teve um desempenho melhor nos testes de memória do que as que ingeriram placebos.
    Outra pesquisa associou o consumo do café com a redução de cerca de 50% do risco de suicídio em homens e mulheres. Os cientistas envolvidos no projeto são da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos EUA. Foram analisados dados de três grandes pesquisas feitas nos Estados Unidos entre 1988 e 2008. Entre os mais de 200 mil participantes estavam consumidores de bebidas com e sem cafeína. As informações revelaram que as chances de suicídio caem pela metade entre adultos que consomem entre duas e quatro xícaras de café diariamente. Isso acontece porque o café estimula o sistema nervoso central e age como um antidepressivo ao aumentar a produção de neurotransmissores no cérebro, como serotonina, dopamina e noradrenalina. Os pesquisadores acreditam que isso explica as menores taxas de depressão encontradas entre apreciadores do café em estudos anteriores.
    Porém, ‘’ como nem tudo são flores’’, apesar dos resultados promissores, as instituições alertam que as pessoas não devem beber muito café ou tomar comprimidos de cafeína. É preciso ingerir a bebida com moderação e sem se esquecer dos riscos para a saúde. O excesso de cafeína tem efeitos colaterais, como insônia, nervosismo e alteração do ritmo cardíaco. Ou seja, tomar um bom Capuccino enquanto se estuda não traz prejuízos, mas vale ressaltar que não devemos nos condicionar à cafeína, pois sua dependência é prejudicial.
    Tema muito bom e podemos marcar um cafezinho para debater mais sobre. ;)


    Referências: http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/veja-o-que-a-ciencia-diz-sobre-os-beneficios-e-maleficios#2


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  5. GRUPO M
    O blog abordou um tema muito interessante, presente no dia-a-dia de muitos universitários e trabalhadores brasileiros. Pesquisando mais sobre o assunto, encontrei uma matéria da BBC Brasil que trata sobre um estudo americano que sugere que o café, além de servir como estimulante, ajuda a melhorar a memória.
    No estudo, os pesquisadores observaram que pessoas que consumiram comprimidos de cafeína tiveram um desempenho melhor em testes de memória do que as que ingeriram placebos. Entre os indivíduos pesquisados, os que receberam cafeína tinham um “padrão de separação” (capacidade de diferenciar itens semelhantes, mas não idênticos) maior que os que os que não receberam. Michael Yassa, pesquisador que liderou o estudo, afirma que as pessoas não devem beber muito café ou tomar comprimidos de cafeína, ressalta ainda que o estudo sugere que 200 miligramas de café beneficiam aqueles que não ingerem cafeína regularmente, e que pode haver outro tipo de resposta o que sugere que doses mais altas (de cafeína) podem não ser tão benéficas. Além disso é importante lembrar dos riscos para a saúde, pois a cafeína pode ter efeitos colaterais como nervosismo e ansiedade em algumas pessoas.

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  6. GRUPO I

    Muito massa como a galera do blog conseguiu transforma o quase que sagrado cafezinho de muitos brasileiros em uma matéria tão interessante. Muito já se foi dito sobre a poder que a cafeína tem de manter o indivíduo em um estado de alerta, e, com isso, facilitar que o mesmo consiga realizar suas tarefas mesmo estando com sono. Nesse contexto, o que mais me chamou a atenção foi o fato da cafeína ativar os sistema de recompensas do ser humano de uma forma "equilibrada", pois apesar do café ter poder viciante em quantidades adequadas ele pode fazer bem ao organismo. Quer dizer, ele consegue estimular a produção de endorfina, hormônio do prazer, e mesmo assim não é tão agressivo ao corpo humano como outras drogas. E isso é muito legal, já que nosso organismo, não por acaso, é particularmente sensível às sensações de prazer, e nosso cérebro foi configurado para sempre querer mais do que é gostoso. O problema é que ,em muitos casos, o que causa prazer também causa um mal danado. E o café parecer ser meio que uma exceção, apesar dele poder gerar alguns problemas quando em excesso, mais afinal tudo em excesso não faz mal?!

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  7. Grupo D

    Interessante forma de abordagem do tema, trazendo prós e contras da ingestão á curto médio e longo do nosso companheiro das longas noites de estudo, o “cafezinho”.
    Ainda falando do nosso “amado cafezinho” existe algumas curiosidades relacionadas ao seu consumo, como o fato dele causar alucinações e poder influenciar no aumento ou diminuição da região mamária de homens e mulheres. Os cientistas supõem que as alucinações sejam causadas pelo aumento nos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, que o excesso de cafeína provoca. Foi realizado um teste com participantes de uma pesquisa da Universidade de Durham, no Reino Unido, começaram a ouvir vozes depois de tomar sete copinhos de café em um só dia.
    A cafeína mexe com os níveis de estrogênio da mulher, o que pode fazer com que os seios tenham uma significativa redução de volume dependendo da quantidade consumida, sendo que de acordo com a Universidade de Lund, na Suécia, essa quantidade é a partir de 3 xicaras. Já nos homens, o efeito é oposto: agindo com a testosterona, o consumo frequente de cafeína pode aumentar a região mamária masculina.

    REFERÊNCIA
    http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/7-efeitos-curiosos-do-cafe-no-organismo/

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  8. Ótimo post, galera! Um estudo da Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda a ingestão de duas xícaras de café expresso por dia. Segundo a SBC, o uso moderado da cafeína não oferece risco à saúde. Até os hipertensos podem tomar café. Segundo a SBC, a elevação da pressão arterial após o consumo de cafeína é mínima e temporária. Sendo assim, o café não oferece risco aos hipertensos. O café também possui antioxidantes que preservam os vasos sanguíneos, uma vez que inibem a ação nociva de radicais livres sobre as paredes das artérias.

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